Os dois anos se aproximam e a criança fofinha e obediente começa a ficar cheia de vontades. De repente, no meio de uma ida ao mercado, o serzinho se irrita por algo mínimo – tipo querer comprar alguma coisa fora da lista. E o não que ele ouviu foi o suficiente para uma crise de choro, para se atirar no chão, para gritos altíssimos. Como sair de uma situação dessas sem ter um ataque de loucura é o tema do episódio desta semana do Podcast É A Mãe!.
No episódio 17 do podcast, as apresentadoras Juliana Tiraboschi, Bárbara dos Anjos Lima e Camila Borowsky falam sobre suas experiências com a birra e conversaram com dois super especialistas: Victor Nudelman, pediatra e vice-presidente do Hospital Albert Einstein, e Loretta Campos, pediatra pela Universidade de São Paulo (USP), consultora internacional em aleitamento materno (IBCLC), consultora do sono, educadora parental pela Discipline Positive Association e membro das Sociedades Goiana e Brasileira de Pediatria, que deram dicas de como lidar com essa fase delicada do desenvolvimento da criança.
Ouça o podcast:
O que é o “terrible two”?
Segundo Victor Nudelman, o chamado “terrible twos” é uma fase que começa por volta dos dois anos de idade em que a criança começa a ter um comportamento mais arredio e desafiados, até ter crises de birra e ataques de choro.
Essa fase acontece porque a criança, quando nasce, é quase um contínuo do corpo da mãe. A partir dos seis meses, o bebê começa a perceber que seu corpo é independente. Por volta de um ano, quando a criança começa a se expressar mais, ela se comunica melhor, mas ainda não consegue expressar todas as emoções. Ao mesmo tempo, ela quer se relacionar mais socialmente. Mas, em alguns momentos, a criança gostaria de fazer outras coisas diferentes do que os pais estão propondo, mas não consegue se comunicar. Aí vêm os gritos, choros e agressões.
Loretta Campos também acrescenta que, muitas vezes, os pais se questionam e se perguntam onde estão errando quando o as birras acontecem. Mas ela alerta que a criança não age assim de propósito, conscientemente para irritar os pais, mas isso é fruto de uma tentativa de atender a seus próprios desejos, por conta da descoberta dela como um indivíduo independente dos pais, mas sem a maturidade suficiente para entender quando é contrariada. E esse comportamento faz parte do desenvolvimento da criança.
A médica também orienta a como agir no momento do escândalo das crianças. Para ela, se o ataque de raiva estiver acontecendo em um lugar público, o melhor é tirar a criança do ambiente, sem se preocupar em conversar com ela naquele momento, para sair de uma situação que pode ser constrangedora para os pais e ir para um lugar tranquilo.
A segunda medida é não agir agressivamente, não gritar e muito menos bater na criança. “Temos que controlar as nossas birras também”, diz Loretta. “Nós somos os adultos e o controle emocional daquela situação, se perdermos o controle, deixamos de ser o espelho para a criança se acalmar”, afirma.
A pediatra aconselha a deixar a criança extravasar suas emoções e, depois que ela se acalmar, se aproximar, conversar e reforçar o que ela sentindo, reconhecendo o motivo pelo qual ela ficou chateada e procurar uma solução junto com ela. Outra dica é tirar o foco da situação.